Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
AFETO QUEER
Dentro do recorte desse trabalho que foca nas práticas queer em Belo Horizonte dos últimos anos, chegamos a uma interseção interessante de ser abordada que é o afeto queer. Ou seja, a relação que os afetos têm para a comunidade queer, seja individualmente, dentro da comunidade e entre a comunidade e o restante da sociedade.




Historicamente, no Brasil e no mundo, o afeto do amor foi e ainda é sistematicamente negado à comunidade queer (e a outras minorias sociais também).
Essa negação aparece de diversas formas em diversas situações, desde bullying no colégio à não aceitação pela família, expulsão de casa até a casos recorrentes de violência urbana. Passa pela dificuldade de se estabelecer relações amorosas duradouras. Pela cultura machista de promiscuidade apática, e de uma carência sexual e submissão tóxica. Chegando a impactar fortemente a subjetividade e consequentemente a saúde mental e física das pessoas.
Disponível em: float: “PODCAST : VIBES em ANÁLISE Ep. #02 — SOLIDÃO GAY”
O amor, o afeto e o próprio conceito de beleza são construções sociais que foram historicamente pautadas por uma visão heteronormativa, cisgênera, branca e patriarcal.
A expressão desse afeto queer aparece muitas vezes na moda, no comportamento e nas relações sociais da comunidade. A expressão do ser e estar no mundo é central no afeto queer, que utiliza da moda e do comportamento como posicionamento político na escala do cotidiano (micropolítica). Como afirmação de uma ética e de uma estética, que ocupa e defende territórios disputados por outros grupos, dentro da sociedade e das cidades.
Mas também utiliza da moda e do comportamento como reconhecimento. Seja um reconhecimento próprio ou mesmo para um reconhecimento dentro da comunidade. Para estabelecer territórios “mais seguros” para existir e trocar afetos. Pois de maneira geral os territórios são hostis à comunidade queer. E a capacidade de um espaço de comportar corpos dissidentes em plena manifestação de existência diz muito sobre seu caráter político.

Entretanto, mesmo sendo negado, o afeto e o amor é também marca da comunidade queer. Que ensina sobretudo, como o amor, o afeto e o próprio conceito de beleza são construções sociais que foram historicamente pautadas por uma visão heteronormativa, cisgênera, branca e patriarcal. Visão essa que deturpa o entendimento e vivência do amor, do afeto e da beleza na sociedade. Limitando toda uma gama de possibilidades em uma lógica binária sem sentido, que favorece a divisão social, o individualismo e a competição capitalista.




Disponível em: EME: “Você já ouviu a expressão “afeminado”?
A expressão do ser e estar no mundo é central no afeto queer, que utiliza da moda e do comportamento como posicionamento político na escala do cotidiano (micropolítica).
A produção do espaço pela arquitetura e urbanismo organiza um espaço político, através das relações, que se manifesta na paisagem, produzindo espaços mais ou menos acolhedores. Ou seja, todo espaço e sua produção, é política. Por essa razão é preciso tomar consciência dessa condição política do espaço de organizar as relações sociais e colocá-la como aspecto central da prática projetual da arquitetura e do urbanismo, para uma produção do espaço que contemple todas as manifestações da coletividade humana.
A questão é complexa demais e demandaria um grande trabalho para tentar compreendê-la em todos os seus aspectos, pois apresenta muitas camadas e desdobramentos. Vou me limitar a abordá-la superficialmente por enquanto, para que durante o levantamento das práticas queer em BH, possa reunir também os pontos de vista da comunidade sobre o assunto, para articular coletivamente essa reflexão. Para finalizar deixo aqui mais algumas perguntas que foram elaboradas para a entrevista com a Professora Gabriela Pires Machado, que dialogam com afeto e os assuntos abordados nesse trecho.
“PERICULOSA SS22” intitula o nome da coleção e exposição fotográfica em realidade virtual criada por Lucas Pietro. "Criadas para apresentar a primavera-verão da marca Pierro. A exposição de fotografia em realidade virtual, pode ser acessada através de qualquer lugar com internet, no site pierro.pipicture.com. Prometendo uma experiência interativa, que quando vivida com óculos VR, torna-se muito mais divertida. Se tratando de uma conexão entre arte, moda, sustentabilidade e experiência." Marca: Pierro. by Lucas Pietro. Disponível em: piErro – fotografias vestíveis (pipicture.com)
foto: @pipietro
styling: LP
ass styling: @guidilir
beleza: @amandaxavierc
cabelo: @amandaxavierc
model: @stefaniemodelo
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Qual o papel do afeto na micropolítica e na arte?
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Quais as contribuições do afeto queer para as práticas espaciais e subjetivas?
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Qual o impacto do afeto queer na sociedade e na paisagem urbana?
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O que é e como é percebido o afeto para a comunidade queer?
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E qual o papel que o afeto poderia desempenhar numa prática relacional?
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A prática da micropolítica comprometida com o coletivo tem a capacidade de afetar os espaços e a sociedade?
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E em que medida os espaços públicos poderiam ter a capacidade de ativar as subjetividades e promover as relações?
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Pensando acerca dos espaços urbanos e sua capacidade de afetar e ser afetado pelas pessoas, penso no conceito de Lefebvre do direito à cidade. A prática da micropolítica do afeto, em tese poderia funcionar como dispositivo que nos aproxime do direito à cidade, à medida que promova a habitação do espaço público?




Calendário Queer. Disponível em: Bem me queer




Produtora: @theyouth_company
Direção: @yuca__duo
Co-direção: @binhocidral
Direção de Fotografia: @leosilvadop
Still: @yuca__duo
Montagem e finalização: @marialuisamlm
Color Grading: @sm.erick
Produção de elenco: @binhocidral
Elenco: Uyra Sodoma (@uyrasodoma), Siamese (@siamese.lg), Efe Godoy (@efegodoy), Ísis Broken (@isisbroken), Ju Maia (@essajumaia), Alinexú e Mama Aya (@maternidadesapatao), Daisy (@transtornadaisy)
Produtora de áudio: @jamute
Produção Executiva: @caroks
Financeiro: @izalubiazi
Atendimento: @cariks e @acamipires
"TRAVESSIA" é um filme que fala, acima de tudo, sobre existir. Sobre ser, sobre orgulhar-se. O mundo atravessa cada pessoa de uma maneira única, e única também é a maneira que cada pessoa atravessa a vida e encontra sua própria verdade. Imagem e texto disponível em: LAB:LAB ANALÓGICO (@lab.lab_br)
"Mais um projeto lindo para a comunidade LGBTQIA+ dos nossos amigos da @theyouth_company, com fotos analógicas do @leonardosulayman reveladas e digitalizadas aqui. O Léo usou uma Hasselblad 500cm nas fotos Médio formato e uma Nikon Fm2 nas 135. Confiram"