Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
CULTURA QUEER
O QUE É a teoria queer?
A teoria queer (do inglês: queer theory) é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais. Não há uma definição genericamente aceita para esta corrente de pesquisa acadêmica e forma particular de política pós-identitária. Os estudos queer constituem um grande e variado de empreendimentos dispersos por áreas como os estudos culturais, a sociologia da sexualidade humana, antropologia social, psicologia, educação, filosofia, artes, entre outras. De uma forma geral, é possível afirmar que a teoria queer busca ir além das teorias baseadas na oposição homens vs. mulheres e também aprofundar os estudos sobre minorias sexuais (bissexuais, gays, lésbicas, transgêneros) dando maior atenção aos processos sociais amplos e relacionados que sexualizam a sociedade como um todo de forma a heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos, direitos. A teoria queer propõe explicitar e analisar esses processos a partir de uma perspectiva comprometida com aqueles socialmente estigmatizados, portanto dando maior atenção à formação de identidades sociais normais ou "desviantes" e nos processos de formação de sujeitos do desejo classificados em legítimos e ilegítimos. Neste sentido, a teoria queer é bem distinta dos estudos gays e lésbicos, pois considera que estas culturas sexuais foram normalizadas e não apontam para a mudança social. Daí o interesse em estudar a travestilidade, a transgeneridade e a intersexualidade, mas também culturas sexuais não-hegemônicas caracterizadas pela subversão ou rompimento com normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso. (Fonte: Teoria queer)
Etimologia da palavra 'queer'
O termo foi introduzido na língua inglesa por volta de 1500, com o sentido de "estranho, peculiar, excêntrico, esquisito", e possivelmente deriva do baixo alemão queer "oblíquo, fora do centro", relacionado com o alemão quer, "oblíquo, perverso, estranho," do velho alto alemão twerh "oblíquo". No sentido de "homossexual", como adjetivo, o primeiro registro é de 1922; o substantivo, com o mesmo sentido, data de 1935. O seu significado inicial pode ser compreendido através da história da criação do termo, inicialmente uma gíria inglesa, que literalmente significa "estranho", "ridículo", "excêntrico", "raro" ou "extraordinário". (Fonte: Queer)
Ressignificação da palavra
A palavra queer sempre foi considerada ofensiva. No entanto, atualmente tem sido adotada pela comunidade LGBT+ com outro sentido, um sentido positivo. De um termo pejorativo, que colocava constantemente à margem os apontados por ela, a palavra passou a denominar um grupo de pessoas dispostas a romper com a heteronormatividade e também com o estereótipo homossexual padronizante, que diverge das formas mais comuns e até artísticas de condutas sexuais. Assim, pessoas LGBT, e outras pessoas consideradas estranhas por quebrarem as normas de género - e por isso, não aceitas socialmente -, ao se denominarem queer ganham espaço social e individualidade, distanciando-se cada vez mais de conceitos tais como "desviantes" ou "aberrações". Ser queer é estar fora das normas de género socialmente aceitas. (Fonte: Queer)

A bandeira arco-íris é um símbolo do orgulho lésbico, gay, bissexual e transgênero (LGBT) e movimentos sociais LGBT em uso desde a década de 1970. (Fonte: LGBT)
o termo LGBT
Em uso desde a década de 1990, o termo significa Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero. É uma adaptação da sigla LGB, que começou a substituir o termo gay em referência à comunidade LGBT mais ampla a partir de meados da década de 1980. A sigla tornou-se popular como uma autodesignação, e esta, bem como algumas de suas variantes comuns, tendem a funcionar como um termo abrangente para minorias de orientação sexual e identidade de gênero, sendo adotado pela maioria dos centros comunitários sobre estas minorias e em meios de comunicação nos Estados Unidos, bem como alguns outros países anglófonos. O termo é usado também em alguns outros países, particularmente naqueles cujos idiomas usam acrônimos, tais como Argentina, Brasil, França e Turquia. A sigla LGBT pode referir-se a qualquer pessoa não-heterossexual ou não-cisgênero, ou fora das normas de gênero pela sua orientação sexual, identidade ou expressão de gênero, ou características sexuais. Para reconhecer essa inclusão, várias variantes surgem, sendo uma das mais populares a LGBTQ, que adiciona a letra Q para as pessoas que se identificam como queer ou estão em questionamento da sua orientação sexual ou identidade de gênero. Aqueles que adicionam pessoas intersexo a grupos ou organizações LGBT poderão usar variantes como LGBTI. Algumas organizações também poderão usar variantes como LGBTIQ, LGBTQI ou LGBT+, sendo o "+" é por vezes adicionado ao final para incluir qualquer outra minoria relacionada que não tenha sido representada pelas outras iniciais. Outras variantes menos comuns também existem, como LGBTQIA+ com o A significando pessoas assexuais e, agênero ou arromânticas, ou ainda em uso controverso para pessoas aliadas. Siglas mais longas, com algumas sendo duas vezes mais longas que LGBT, geraram críticas por sua extensão, e a implicação de que a sigla se refere a uma única comunidade também é controversa. As pessoas podem ou não se identificar como LGBT+, dependendo das suas preocupações políticas ou se elas vivem em um ambiente discriminatório, bem como a situação dos direitos LGBT onde elas vivem. (Fonte: LGBT)

O Stonewall Inn no bairro gay de Greenwich Village, Manhattan, local da rebelião de Stonewall em junho de 1969, o berço do movimento moderno pelos direitos LGBT e um ícone da cultura LGBT, é adornado com bandeiras arco-íris. (Fonte: Stonewall - LGBT)
CASAMENTO homossexual no mundo
As uniões homossexuais existiram nas diversas culturas desde os princípios da humanidade. Na Europa clássica existiram em sociedades gregas e romanas, e mesmo em comunidades cristãs na forma de um sacramento chamado Adelphopoiesis. Na Ásia existiram para homossexuais masculinos sob a forma dos casamentos Fujian, e para mulheres homossexuais sob o nome de Casamento das Orquídeas de Ouro. Casamentos entre lésbicas foram documentados em mais de trinta tribos africanas e entre homens homossexuais em cinco tribos. Nas Américas, uniões homossexuais foram documentadas primordialmente em civilizações norte-americanas, disponíveis para as pessoas designadas de "dois-espíritos", que demonstravam ambiguidade sexual. Estas pessoas eram consideradas de um terceiro sexo e podiam variar entre as responsabilidades de homens ou mulheres. No fim da década de 1990 e no começo dos anos 2000, tentativas de legalizar ou banir o casamento entre pessoas do mesmo sexo foram motivo de debate em vários países. Em 2001, os Países Baixos foram o primeiro país da era moderna a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Actualmente, esse tipo de casamento é legal em cerca de dez países e em apenas alguns estados dos Estados Unidos. Em 2010, a Argentina tornou-se no primeiro país da América Latina a aprovar o casamento homossexual. Israel decidiu que os casamentos homossexuais realizados noutros países, apesar de ilegais em Israel, deveriam ser reconhecidos no país. (Fonte: História LGBT)
1º levantamento do ibge sobre a população lgbtqiap+ no Brasil
No Brasil, 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação sexual autoidentificada da população adulta, divulgada hoje (25 de maio de 2022) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a primeira vez que esse dado é coletado entre a população brasileira e, na avaliação do instituto, ainda pode estar subnotificado. Os dados, coletados em 2019, mostram que 94,8% da população adulta, o que equivale a 150,8 milhões de pessoas, identificam-se como heterossexuais, ou seja, têm atração sexual ou afetiva por pessoas do sexo oposto; 1,2%, ou 1,8 milhão, declaram-se homossexual, tem atração por pessoas do mesmo sexo ou gênero; e, 0,7%, ou 1,1 milhão, declara-se bissexual, tem atração por mais de um gênero ou sexo binário. A pesquisa mostra ainda que 1,1% da população, o que equivale a 1,7 milhão de pessoas, disse não saber responder à questão e 2,3%, ou 3,6 milhões, recusaram-se a responder. Uma minoria, 0,1%, ou 100 mil, disse se identificar com outras orientações. Segundo o IBGE, quando perguntadas qual, a maioria respondeu se identificar como pansexual – pessoa cujo gênero e sexo não são fatores determinantes na atração; ou assexual – pessoa que não tem atração sexual.
SUBNOTIFICAÇÃO dos números
Segundo o IBGE, o número de lésbicas, gays e bissexuais registrado na pesquisa pode estar subnotificado. O instituto aponta principalmente o estigma e o preconceito por parte da sociedade como fatores que podem fazer com que as pessoas não se sintam seguras em declarar a própria orientação sexual. As pesquisadoras responsáveis pelo estudo destacam que em cerca de 70 países a homossexualidade é crime, como mostra levantamento feito pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais. “A gente não está afirmando que existem 2,9 milhões de homossexuais ou bissexuais no Brasil. A gente está afirmando que 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais se sentiram confortáveis para se autoidentificar ao IBGE como tal”, diz a analista da PNS Nayara Gomes. Outro fator apontado para a subnotificação é a falta de familiaridade com os termos usados na pesquisa. “A gente ainda precisa percorrer um caminho com várias iniciativas de campanha, de sensibilização. Quanto mais perguntarmos, mais as pessoas vão se acostumar e é esse caminho que a gente pretende seguir. Temos alguns desafios”, complementa Nayara. No Brasil, a homofobia segue como questão a ser discutida. De acordo com o Relatório de Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil ocorridas em 2021, do Grupo Gay da Bahia, 300 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, entre outros) sofreram morte violenta no país em 2021, número que representa 8% a mais do que no ano anterior, sendo 276 homicídios e 24 suicídios. (Fonte: IBGE divulga 1º levantamento sobre homossexuais e bissexuais no Brasil | Agência Brasil (ebc.com.br))
FLUTUA, 2017, JOHNNY HOOKER com participação especial da LINIKER. Disponível em: Johnny Hooker (part. Liniker) - Flutua (CLIPE OFICIAL) - YouTube
PAJUBÁ: A LINGUAGEM DA COMUNIDADE LGBT
Nascido como resistência na ditadura e com origem no iorubá e nagô, vocabulário reúne apropriações linguísticas feitas pela comunidade LGBTQIA+ "Conhecido como o dialeto LGBT+, o pajubá (ou bajubá) é muito mais que um punhado de gírias divertidas, como “lacre”, “bafo” ou “uó”. Cada vez mais ele é incorporado ao vocabulário de muitos brasileiros, especialmente ao dos jovens, mas possui raízes históricas e, o mais importante, de resistência. O pajubá tem origem na fusão de termos da língua portuguesa com termos extraídos dos grupos étnico-linguísticos nagô e iorubá — que chegaram ao Brasil com os africanos escravizados originários da África Ocidental — e reproduzidos nas práticas de religiões afro-brasileiras. Os terreiros de candomblé sempre foram espaços de acolhimento para as minorias, incluindo a comunidade LGBT+, que passou a adaptar os termos africanos em outros contextos." (Fonte: Conheça as raízes históricas e de resistência do pajubá, o dialeto LGBT+ - Trip (uol.com.br)
Pajubá o Argot queer brasileiro
"Argot é uma linguagem específica utilizada por um grupo de pessoas que compartilham algumas características comuns, como categoria social, profissão, procedência ou gostos. Às vezes, os argots se convertem em instrumentos para evitar que as mensagens sejam entendidas por indivíduos estranhos a uma coletividade."(Fonte: Argot) "O argot queer brasileiro é chamado pajubá, ou bajubá. Ele é falado em praticamente todo o país, com poucas variações regionais. Apesar de ser fortemente baseado no português, ele incorpora muitos elementos das línguas iorubá. O motivo é que algumas religiões afrobrasileiras, fortemente influenciadas pela cultura iorubá, são relativamente abertas a pessoas queer, oferecendo um espaço onde essa comunidade pode se expressar mais livremente. Algumas dessas palavras são conhecidas por grande parte dos brasileiros como, por exemplo, erê, que significa criança. Já outras palavras são menos óbvias, como aqué (dinheiro) e alibã (policial). Outra característica bem marcante do pajubá é o uso frequente de nomes femininos. Dar a Elsa, por exemplo, significa roubar. Esses nomes são inspirados em telenovelas, cantoras e atrizes famosas, etc. Algumas palavras e expressões do pajubá têm ficado cada vez mais conhecidas fora da comunidade queer devido ao seu uso na mídia e ao crescimento da pesquisa acadêmica a seu respeito. Há, inclusive, um dicionário do pajubá. Seu nome é Aurélia, uma brincadeira com o nome do famoso dicionário Aurélio." (Fonte: Línguas secretas, amores discretos: O pajubá e o dialeto gay ao redor do mundo (babbel.com))
LIVRO: "NÃO VÃO NOS MATAR AGORA" DE JOTA MOMBAÇA
“Como desfazer o que me tornam?” Com esta e tantas outras indagações, Jota Mombaça aponta horizontes que vislumbram a importância de existir e performar em meio às feridas deixadas pelo colonialismo. Não vão nos matar agora é um espaço de experimentação, fazendo da palavra e do corpo ferramentas de crítica, potência e combate. As reflexões forjadas neste livro testemunham uma produção de conhecimento original e interdisciplinar, permeada por tensões permanentes em que a autora busca repensar o mundo como o conhecemos, propondo alternativas e transformações rumo ao novo. Trata-se, pois, de afirmar a resistência dos corpos vigiados por sistemas de controle. Corpos – e corpas – que seguem de pé apesar das adversidades de um ambiente dominado por padrões opressivos, pela obsessão em rotulá-los e negá-los, na inútil tentativa de capturá-los. “Eu me lembro de trabalhar como se estivesse correndo. Correndo rumo a uma ilusão de conforto e estabilidade, a tentar salvar-me de coisas das quais não posso ser salva. E eu também lembro de trabalhar como se eu pudesse alcançar a velocidade necessária para cruzar pontes ainda não erguidas; como se, correndo, eu pudesse existir entre mundos assimétricos.” – Jota Mombaça. A publicação inaugura a coleção Encruzilhada, da Editora Cobogó, com coordenação de José Fernando Peixoto de Azevedo, doutor em Filosofia e professor da ECA/USP. (Fonte: Não vão nos matar agora | They Won’t Kill Us Now - Editora Cobogó (cobogo.com.br))
JOTA MOMBAÇA
Jota Mombaça nasceu em Natal, em 1991, e vive e trabalha entre Fortaleza, Lisboa e Berlim. Através da performance, da ficção visionária e de estratégias situacionais de produção, pretende ensaiar o fim do mundo, tal como o conhecemos, e a figuração do que virá depois que destituirmos a pauta do colonialismo moderno de seu pódio. Em 2020 concluiu uma residência artística na prestigiosa Pernod Ricard Fellowship, em Paris e realizou o filme O que não tem espaço está em todo lugar, a convite do Instituto Moreira Salles. Em setembro de 2021, inaugurou a exposição individual Atravessar a Grande Noite Sem Acender a Luz, no Centro Cultural São Paulo. No mesmo ano, participou das coletivas Rethinking Nature, no Museo Madre, em Napoli, PoetArtists/ArtistPoets, no MIF, em Manchester, e Illiberal Arts, no HKW, em Berlim. Mombaça fez parte, ainda, da 34ª Bienal de São Paulo, Faz Escuro Mas Eu Canto, e da Bienal de Sydney, ambas em 2020, além de ter participado da Bienal de Berlim, em 2017-2018 e da Bienal de São Paulo, em 2016. Entre 2021 e 2023, participa de uma residência artística na Rijsakademie, em Amsterdam. (Fonte: Não vão nos matar agora | They Won’t Kill Us Now - Editora Cobogó (cobogo.com.br))
"ALL YOU NEED IS LOVE (Parte I)", Jup do Bairro, Rico Dalasam & Linn da Quebrada. Disponível em: Jup do Bairro, Rico Dalasam & Linn da Quebrada - ALL YOU NEED IS LOVE (Parte I) - YouTube
"Resplandescente" , Ventura Profana. Disponível em: RESPLANDESCENTE - Ventura Profana - podeserdesligado - YouTube
O QUE É O TERMO QUEER?
Queer é um termo guarda-chuva da língua inglesa para minorias sexuais e de género, ou seja, que não são heterossexuais ou não são cisgénero. Originalmente significando "estranho" ou "peculiar", queer era usado pejorativamente contra aqueles com desejos ou relações homossexuais no final do século XIX. A partir do final dos anos 80, ativistas queer, tais como os membros da Queer Nation, começaram a reconquistar a palavra como uma alternativa deliberadamente provocadora e politicamente radical aos ramos mais assimiladores da comunidade LGBT. No século XXI, queer tornou-se cada vez mais utilizado para descrever um amplo espectro de identidades sexuais e políticas não normativas e de género. Disciplinas académicas como a teoria queer e estudos queer partilham uma oposição geral ao binarismo, à normatividade, e uma percepção de falta de interseccionalidade, algumas delas apenas tangencialmente ligadas ao movimento LGBT. Artes queer, grupos culturais queer, e grupos políticos queer são exemplos de expressões modernas de identidades queer. Os críticos do uso do termo incluem membros da comunidade LGBT que associam mais o termo ao seu uso coloquial, depreciativo, aqueles que desejam dissociar-se do radicalismo queer, e aqueles que o veem como amorfo e trendy. Queer é por vezes alargado para incluir qualquer sexualidade não normativa, incluindo a heterossexualidade queer cisgénero, embora alguns homossexuais que se identifiquem como homossexuais vejam este uso do termo como apropriação. (Fonte: Queer)

Símbolo da Transgeneridade:
< Camisa de participante da parada LGBT, no mês do orgulho, de Jerusalém em 2012, estampando uma frase: "estamos aqui, somos queer, nos rebelamos!" (em inglês: we're here, we're queer, we riot!). (Fonte: Queer)
Origens históricas
A teoria queer teve origem nos Estados Unidos em meados da década de 1980 a partir das áreas de estudos gay, lésbicos e feministas, tendo alcançado notoriedade a partir de fins do século passado. Fortemente influenciada pela obra de Michel Foucault, a teoria queer aprofunda as críticas feministas à ideia de que o gênero é parte essencial do ser individual e as investigações de estudos gays e lésbicos sobre o constructo social relativo à natureza dos actos sexuais e das identidades de gênero. Enquanto os estudos gays e lésbicos se centravam na análise das classificações de "natural" ou "contra-natural" em relação aos comportamentos homossexuais, a teoria queer expande o âmbito da análise para abranger todos os tipos de actividade sexual e de identidade classificados como "normativos" ou "desviantes". (Fonte: Teoria queer)
Evolução a partir do feminismo e lesbianidade
Embora os queers estejam mais próximos dos movimentos gays e lésbicos que dos feministas, muitas das suas raízes ideológicas são comuns ao feminismo americano da década de 1980. Antes desta data, o feminismo, como outros movimentos semelhantes, acreditava que o progresso social se faria por mudanças legislativas. Os argumentos a favor de legislação progressista baseavam-se sempre na comparação entre um determinado grupo minoritário e o cidadão médio, entendido como um homem branco e rico. Vários movimentos começaram, desde a década de 1970, a opôr-se a esta imagem de cidadão universal, numa tendência marcadamente pós-moderna, acelerando a ruptura entre "homem" e "mulher" e materializando o que se viria a chamar, mais tarde, feminismo. O movimento feminista nascente sustentava-se, assim, na noção de diferença, não só entre homens e mulheres, mas também na diferente conceptualização do sujeito e do objecto dos vários fenómenos sociais (como o discurso, a arte, o casamento, etc.). O movimento feminista viria posteriormente a ser influenciado por dois grandes debates ideológicos no seu seio; a guerra dos sexos, que discutia o papel da pornografia na opressão das mulheres, e a Lavender Menace (ameaça lavanda), referente à aceitação de lésbicas no seio do movimento feminista. Da mesma forma que os inimigos do feminismo utilizavam (e utilizam) com frequência o argumento lesbofóbico do lesbianismo das feministas, uma grande parte das militantes feministas demonstravam, elas próprias, a sua própria lesbofobia ao negar a aceitação de lésbicas no movimento. As lésbicas da lavender menace declaravam ser mais feministas devido ao seu maior afastamento dos homens, enquanto que as feministas heterossexuais argumentavam que os papéis masculino/feminino (butch/fem) no seio dos casais lésbicos não eram mais que cópias do casamento heterossexual. A atenção aos papéis e práticas sexuais, e sobretudo a divisão que toda esta discussão provocou, conduziu ao despontar da teoria queer no início da década de 1990. (Fonte: Teoria queer)

A inclusividade na comunidade LGBT. (Fonte: LGBTQ Symbols)
origens do termo LGBT
O primeiro termo amplamente usado, homossexual, agora carrega conotações negativas nos Estados Unidos. Foi substituído por homófilo nas décadas de 1950 e 1960, e subsequentemente gay na década de 1970; o último termo foi adotado primeiro pela comunidade homossexual. À medida que as mulheres lésbicas conseguiam mais espaço público, a frase "gays e lésbicas" tornou-se mais comum. Uma disputa sobre se o foco principal de seus objetivos políticos deveria ser o feminismo ou os direitos homossexuais levou à dissolução de algumas organizações lésbicas, incluindo as Daughters of Bilitis, que se desfez em 1970 após disputas sobre qual objetivo deveria ter precedência. Como a igualdade era uma prioridade para as mulheres feministas lésbicas, a disparidade de papéis entre homens e mulheres ou butch e femme era vista como patriarcal. As feministas lésbicas evitavam a reprodução de papeis de gênero típicos em casais heterossexuais que era generalizada em bares, bem como o chauvinismo percebido por homens gays; muitas mulheres lésbicas feministas se recusaram a trabalhar com homens gays ou a assumir as suas causas. Mulheres lésbicas que mantinham a visão essencialista, de que haviam nascido homossexuais e usavam o descritor "lésbica" para definir atração sexual, muitas vezes consideravam as opiniões separatistas de lésbicas-feministas prejudiciais à causa dos direitos homossexuais. Pessoas bissexuais e transgênero também buscaram reconhecimento como categorias legítimas dentro da comunidade minoritária maior. Após a ação do grupo na rebelião de Stonewall de 1969 em Nova York, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, alguns gays e lésbicas aceitaram menos pessoas bissexuais ou transgênero. Os críticos disseram que as pessoas transgênero estavam disseminando estereótipos e bissexuais eram simplesmente homens gays ou mulheres lésbicas que tinham medo de sair do armário e ser honesto sobre as suas identidades. Cada comunidade lutava para desenvolver as suas próprias identidade, incluindo se, e como, se alinhar com outras comunidades baseadas em minorias de orientação sexual ou identidade de gênero, às vezes excluindo outros subgrupos; esses conflitos continuam até hoje. Ativistas e artistas LGBT criaram cartazes para aumentar a consciência sobre o assunto desde o início do movimento. Por volta de 1988, ativistas começaram a usar o inicialismo LGBT nos Estados Unidos. Durante a década de 1990, dentro do movimento, as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgênero tinham o mesmo respeito. Isso estimulou algumas organizações a adotarem novos nomes, como a GLBT Historical Society fez em 1999. Embora a comunidade LGBT tenha visto muita controvérsia em relação à aceitação universal de diferentes grupos de membros (indivíduos bissexuais e transgêneros, em particular, às vezes foram marginalizados pela comunidade LGBT em geral), o termo LGBT tem sido um símbolo positivo de inclusão. Apesar do fato de que LGBT não abrange nominalmente todos os indivíduos em comunidades menores, o termo é geralmente aceito para incluir aqueles não especificamente identificados na inicial de quatro letras. De modo geral, o uso do termo LGBT tem, ao longo do tempo, ajudado em grande parte a trazer indivíduos de outra forma marginalizados para a comunidade em geral. A atriz transgênero Candis Cayne em 2009 descreveu a comunidade LGBT como "a última grande minoria", observando que "ainda podemos ser perseguidos abertamente" e ser "atacados pela televisão". Em 2016, o Media Reference Guide da GLAAD afirma que LGBTQ é o inicialismo preferido nos países anglófonos, sendo mais inclusivo para membros mais jovens das comunidades que adotam queer como um autodescritor. No entanto, algumas pessoas consideram queer um termo depreciativo originado em discurso de ódio e o rejeitam, especialmente entre os membros mais velhos da comunidade. (Fonte: LGBT)


< Mapa da situação legal do casamento homoafetivo no mundo hoje. Pode incluir leis ou decisões judiciais recentes que criaram reconhecimento legal para relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas que ainda não entraram em vigor (Fonte: File:World laws pertaining to homosexual relationships and expression.svg)
VIOLÊNCIA: Um LGBT é agredido no Brasil a cada hora, revelam dados do SUS
Pesquisa inédita mostra que os negros são alvo de metade dos registros de violência contra população LGBT. Uma pesquisa inédita feita baseado nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostrou que a cada uma hora um LGBT é agredido no Brasil. Entre 2015 e 2017, data em que os dados foram analisados, 24.564 notificações de violências contra essa população foram registradas, o que resulta em uma média de mais de 22 notificações por dia, ou seja, quase uma notificação a cada hora.
O levantamento foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), secretarias de Atenção Primária em Saúde e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os pesquisadores coletaram as notificações feitas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que faz parte do SUS, e que, portanto, inclui diversos casos de violência que não foram denunciados. A pesquisa mostra um cenário muito pior do que se imaginava, mas os números podem ser ainda maiores. Os pesquisadores dizem que há muitas pessoas que não registram a ocorrência, não procuram o sistema de Saúde e, quando procuram, muitos não colocam sua orientação sexual por medo ou vergonha, o que faz aumentar os casos de subnotificação da violência. (Fonte: Um LGBT é agredido no Brasil a cada hora, revelam dados do SUS - CartaCapital)
A RESISTÊNCIA DA CULTURA QUEER FRENTE O CONSERVADORISMO BRASILEIRO
A situação política no Brasil é caótica – e parece que não vai melhorar tão breve. Em outubro de 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do maior país da América do Sul. Já nos 30 anos anteriores de sua carreira política, ele expressou ideais homofóbicos, misóginos e racistas, além de glorificar a Ditadura Militar, um dos capítulos mais sombrios da história recente do país. A eleição de Bolsonaro leva o Brasil a um clima em que mulheres, LGBTs, negros, indígenas e qualquer minoria têm seus destinos incertos com as ameaças de seu governo. No entanto, a mudança para a direita também atinge os produtores culturais. Já durante sua campanha, Bolsonaro atacou a cultura com notícias falsas (as famosas fake news) e um discurso moralista de motivação religiosa. Um de seus slogans mais repetidos foi o de que “Artistas mamam nas tetas do governo”, referindo-se aos criadores de cultura como parasitas que se aproveitaram dos recursos para fabricar seu lixo. Ao mesmo tempo, a resistência ao ataque de Bolsonaro foi formada. Mais de 300 pessoas, incluindo alguns dos mais conhecidos músicos do país, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, assinaram durante as eleições um manifesto contra Bolsonaro e pela liberdade das artes. E, assim como nos idos da Ditadura Militar, os músicos brasileiros estão reagindo à repressão e à reação adversa. A cultura pop, como em outros tempos difíceis da história brasileira, serve não apenas como uma rota de fuga para as tensões do povo, mas também como uma arma para se defender contra a reação adversa. O tiro de Bolsonaro saiu pela culatra: ao tentar diminuir o alcance e a relevância dos artistas brasileiros, o grupo respondeu com um comprometimento político e combativo em seus respectivos trabalhos. (Fonte: A Resistência Da Cultura Queer Frente O Conservadorismo Brasileiro (revistahibrida.com.br)
artigo: "queer" por Aléxia Bretas
Professora de Filosofia na Universidade Federal do ABC (UFABC), mestre e doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). É autora dos livros: A Constelação do Sonho em Walter Benjamin (Humanitas/Fapesp, 2008), Do Romance de Artista à Permanência da Arte (Annablume/Fapesp, 2013) e Fantasmagorias da Modernidade (Ed. UNIFESP, 2017). É integrante da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas e do GT de Filosofia e Gênero da ANPOF – Lattes. Disponível em: Queer - (unicamp.br)
"Escrever um verbete sobre queer tem qualquer coisa de desconcertante. Pois o nome porta em si uma genealogia e uma vocação fortemente antinormativas que vão de encontro a toda e qualquer tentativa de definição rígida, substantiva ou essencialista – seja de teor enciclopédico, médico ou jurídico. Por outro lado, causar estranhamento é algo bastante próprio à expressão, que surge umbilicalmente ligada a qualidades, digamos, fora da curva. Sua história e suas estórias (Hemmings, 2011) são seculares e, não obstante, feitas de fracassos (Halberstam, 2019), “interruqções” (flores, 2013) e lacunas. De proveniência inglesa, a palavra queer foi cunhada em torno de 1513 como sinônimo de estranho, esquisito, peculiar e excêntrico. “Ai, ai! Como está tudo esquisito [queer] hoje! E ontem as coisas aconteciam exatamente como de costume”, exclamava a Alice de Lewis Carroll, em 1865 (Carroll, 2010, p. 25). No País das Maravilhas, ela irá se deparar com “formas esquisitas” [queer-like shapes] como a da Lagarta, encontrar-se com um grupo singular ou “estrambótico” [queer-party] de aves e animais peludos indispostos, até que depois de uma sucessão de vertigens, deslocamentos e metamorfoses, finalmente se acostumar a ver “coisas esquisitas” [queer things] acontecerem..." Disponível em: Queer - (unicamp.br)
"Pajubá" , 2017, por Linn da Quebrada. Álbum musical.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Editora cobogó, 2021.

Jota Mombaça. (foto de perfil do instagram) Imagem disponível em: Jota Mombaça.
referências musicais:
"Indestrutível", Pabllo Vittar. Disponível em:Pabllo Vittar - Indestrutível (Vídeoclipe Oficial)
"Oração", Linn da Quebrada. Disponível em: Linn da Quebrada - Oração (Clipe Oficial)
"Baby95", Liniker. Disponível em: Liniker - Baby95 - YouTube
"A Queda", Gloria Groove. Disponível em: GLORIA GROOVE - A QUEDA (CLIPE OFICIAL) - YouTube
calendário Queer:
conheça também:
Plataformas Queer:




Calendário Queer. Disponível em: Bem me queer

Marsha P. Johnson
(Elizabeth, 24 de agosto de 1945 — Nova Iorque, 6 de julho de 1992), foi uma mulher trans e ativista americana pela libertação gay. Johnson foi uma das personalidades proeminentes da Rebelião de Stonewall, em 1969. Embora alguns tenham creditado erroneamente a Johnson por iniciar os tumultos, Johnson sempre foi franca sobre não ter estado presente quando os tumultos começaram. Johnson fazia parte da Gay Liberation Front e co-fundou o Street Travestite Action Revolutionaries (STAR), ao lado da amiga Sylvia Rivera, que focava em organizar moradias para jovens gays e travestis sem-teto. Johnson também era uma figura popular na cena gay e artística de Nova York, servindo de modelo para obras de Andy Warhol. De 1987 a 1992, Johnson foi apoiadora do grupo de combate a epidemia de AIDS, ACT UP. (Imagem disponível em: marsha p johnson. Texto disponível em: Marsha P. Johnson.)
as bandeiras do movimento LGBTQIAp+.




fontes de pesquisa:
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Um LGBT é agredido no Brasil a cada hora, revelam dados do SUS - CartaCapital)
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A Resistência Da Cultura Queer Frente O Conservadorismo Brasileiro (revistahibrida.com.br)
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Conheça as raízes históricas e de resistência do pajubá, o dialeto LGBT+ - Trip (uol.com.br)
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Línguas secretas, amores discretos: O pajubá e o dialeto gay ao redor do mundo (babbel.com))
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Quais são as bandeiras LGBTQIA+ e o que elas significam? - Revista Galileu