Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
ARQUITETURA E URBANISMO
Se a arte contemporânea também cria territórios de subjetividades, imaginários coletivos, atmosferas e mesmo outros mundos possíveis, não estaria a arte indo de encontro à arquitetura, através de sua prática relacional e espacial?
Uma obra de arte contemporânea poderia ser lida como uma obra de arquitetura, e vice-versa? Creio que sim, pois os limites entre as disciplinas se apresentam cada vez mais opacos. A arte, a arquitetura e o urbanismo se unem na elaboração de um espaço político, e dessa forma deveriam concentrar seu foco mais na elaboração desse espaço político do que na construção de materialidades sem muita responsabilidade com as relações.

Obra: "Escora para tetos prestes a desabar", Luana Vitra, 2019, Palácio das Artes -BH. "Trabalho realizado após a última eleição presidencial. Agora o teto já está no chão e céu é sutura de um teto que desaba." Disponível em: Luana Vitra.




La Petatera de Colima, 1857. Artigo "NÃO FAZER NADA, COM URGÊNCIA"
Texto de Ion Cuervas-Mons Morató. La Petatera de Colima, Desiderio Calvario Miramontes.
Revista PISEAGRAMA. Disponível em: NÃO FAZER NADA, COM URGÊNCIA - Piseagrama
"Em 1999, Carlos Mijares, arquiteto mexicano e professor da UNAM, foi chamado para fazer um projeto numa pequena cidade situada ao sudoeste do México. O prefeito sonhava na conversão do povoado num lugar de referência para o turismo cultural. A sua grande aposta era transformar a praça de touros, uma estrutura temporária remontada todos os anos, numa praça permanente, com desenho moderno e inovador e, sem dúvida, de concreto armado.
Carlos Mijares viajou à cidade e visitou o terreno quando a praça de touros estava construída. Ficou surpreendido e maravilhado ao perceber o processo participativo de sua construção, o resultado formal e a sua relação com o entorno. Decidiu que não iria realizar um projeto arquitetônico, mas, em vez disso, faria um livro sobre La Petatera. Um livro responsável por converter a praça de touros, que era remontada todo ano naquela cidade, em La Petatera, transformando, assim, algo que já existia naquilo que o prefeito havia sonhado." (MORATÓ, Ion Cuervas-Mons. Não fazer nada, com urgência. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, número 02, página 42 - 43, 2011.)
Dessa forma a arquitetura poderia se desmaterializar, com obras de arquitetura que fossem caracterizadas mais pelo não-fazer, o não-interferir.
Jean François Lyotard afirma que a arquitetura pós-moderna
“se vê condenada a gerar uma série de pequenas modificações num espaço herdado da modernidade e a abandonar uma reconstrução global do espaço habitado pela humanidade” (BOURRIAUD,2009, p.18).
Bourriaud sugere então que essa “condenação” poderia ser uma oportunidade histórica, de
“aprender a habitar melhor o mundo em vez de tentar construí-lo a partir de uma ideia preconcebida da evolução histórica” (BOURRIAUD,2009, p.18).
É preciso aprender a habitar melhor o mundo, mais do que tentar construir um mundo novo do zero.