Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
SOBRE
TCC DE ARQUITETURA E URBANISMO PELA UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ORIENTADOR: ADRIANO MATTOS CORRÊA
CO-ORIENTADORA: LAURA CASTRO
ALUNO: EDUARDO MOREIRA GARCIA
CONTATO
HORIZONTES IM/PROVÁVEIS
ATLAS DoS agentes e PRÁTICAS ATUAIS DA COMUNIDADE QUEER EM BELO HORIZONTE,
AS RELAÇÕES ENTRE PRÁTICAS, AGENTES E CONCEITOS COMO PONTE PARA outraS CONFLUÊNCIAS/INSURGÊNCIAS
RESUMO:
Eu sou o Eduardo Garcia, nasci e moro em BH e tenho 26 anos. Sou artista multimídia independente e autodidata, trabalho com pintura, desenho, escultura, instalação, performance, poesia, foto, vídeo, NFT e mais recentemente tatuagem. E agora, formando em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG. O que mais me fascina e me manteve no curso até hoje é a característica dessas disciplinas de serem transdisciplinares e promoverem pontes entre áreas do conhecimento distintas e conexões entre conceitos e epistemologias diversas. Como venho exercendo a prática artística como profissão, em paralelo ao estudo da Arquitetura, desde o início do curso, meu sonho sempre foi conseguir unir as práticas da arquitetura as da arte. Esse trabalho é um esforço nesse sentido. Para que essas minhas práticas deixassem de correr paralelas e pudessem se fundir.
A escolha pelo tema nasce dessa vontade de unir arte e arquitetura, mas também pela vontade de falar sobre a comunidade queer de BH, da qual faço parte, e tem produzido muitos talentos recentemente. Portanto, é um trabalho que faz muito sentido para mim enquanto artista, gay e futuro arquiteto. O trabalho intitulado “Horizontes Prováveis”, é também uma referência a Belo Horizonte, que é minha cidade de origem, de vivências, estudos e recorte geográfico da pesquisa. O trabalho começou em meados de setembro sob orientação do professor Adriano Mattos e da professora Laura Castro e investiga a micropolítica e o afeto como prática artística, arquitetônica e subjetiva na paisagem urbana. Para tal, pretende realizar um atlas das práticas artísticas e espaciais da comunidade queer em BH dos últimos anos, traçando as conexões existentes entre essas práticas e sua relação com os conceitos de micropolítica, afeto e espaço-público na cidade. Trazendo as contribuições destas práticas para o debate e estabelecendo conexões existentes entre arte contemporânea, arquitetura e política no espaço.
INTRODUÇÃO:
O trabalho foi dividido em duas partes, a primeira consiste na pesquisa de referências, entrevistas e leituras que subsidiem teoricamente os conceitos e hipóteses abordadas. Já na segunda parte do trabalho esse material vai servir como base teórica para as análises e conexões suscitadas pelo levantamento das práticas queer em BH que será feito. Minha pesquisa ainda está no início e pretendo com ela levantar evidencias que ajudem a sustentar a hipótese do entendimento da prática política do afeto no espaço cotidiano (micropolítica), desempenhada por todes, como uma prática artística, arquitetônica, poética e subjetiva. Prática que tem a potencialidade de atuar de maneira insurgente, sendo ao mesmo tempo resistência a um sistema hegemônico de exploração e ter a capacidade de articular outros imaginários compartilháveis e desvios de rota cotidianos, que apontem para uma restauração das subjetividades e consequentemente dos ambientes e paisagens urbanas.
Pretendo aproximar as discussões da arte contemporânea às discussões da arquitetura e do urbanismo no que diz respeito a prática espacial na paisagem, a produção de subjetividade e das relações sociais cotidianas com o mundo. Entendendo a arquitetura e a arte também como mediador entre relações socioespaciais, entre disciplinas e epistemologias diversas. Na tentativa de articular conexões entre territórios e subjetividades fragmentadas pela crescente individualização e pressa das cidades que nos impede de vislumbrar os outros mundos existentes no aqui e agora, suas possibilidades de vida e fundamentos ancestrais.
Durante minha pesquisa até agora pude ler e trazer como referência os textos “Restauração da Cidade Subjetiva” de Félix Guattari em seu livro “Caosmose: Um novo paradigma estético” de 1992; “Zonas de espera” de Paulo Arantes em seu livro “O novo tempo do mundo” de 2014; e os livros “Escavar o Futuro” de Felipe Scovino, Fernanda Regaldo, Renata Marquez e Roberto Andrés de 2014; “Estética Relacional” de Nicolas Bourriaud de 2009; “Arte para uma cidade sensível” de Brigida Campbell de 2015; e “Kafka para uma literatura menor” de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Como parte da pesquisa também tive a oportunidade de trazer como referência uma conversa/entrevista com a Gabriela Pires Machado, arquiteta, cenógrafa e professora da UFMG.
Posteriormente, na segunda metade do trabalho, durante o TCB portanto, essa pesquisa deverá embasar as discussões do levantamento cartográfico e ajudar a traçar conexões que evidenciem a potência do rizoma da arte e da cultura no território, sua capacidade de ser resistência e apontar caminhos prováveis para as questões da atualidade. Será realizado o levantamento das práticas artísticas e espaciais da comunidade queer em Belo Horizonte dos últimos anos. A comunidade queer de BH vem se fortalecendo, crescendo e amadurecendo muito nos últimos anos e tem produzido muito conhecimento relevante através de suas práticas artísticas, espaciais e intelectuais. Práticas essas que tem forte interseção com os conceitos focados pelo trabalho, como a micropolítica, o afeto e as relações socioespaciais na cidade. Esse levantamento pretende reunir uma amostra desse material e traçar as conexões existentes entre essas práticas, entre artistas e entre conceitos. A ideia é fazer um mapeamento contra cartográfico, ou seja, não baseado no território físico, mas nessas relações mencionadas acima. Um atlas de relações.
Esse levantamento será incorporado aos poucos no site do projeto que já está com todo conteúdo referente ao TCA. O site é uma boa maneira de se apresentar esse trabalho por proporciona a leitura de informações nas mais diversas linguagens e formatos. Pode ser acessado pelo celular em qualquer lugar e a ideia é que esse site possa ser também colaborativo ao final do projeto. Dessa maneira consigo manter todo o conteúdo levantado, produzido e compartilhado ao longo do processo. O levantamento das práticas vai consistir nas imagens das obras, com algumas informações e categorias que facilitem sua identificação em rede, além de análises que promovam conexões entre conceitos e agentes. A ideia é que o site possa articular esses dados em rede, como um grande rizoma onde se ligam práticas individuais, coletivas e manifestações culturais com o território e a paisagem urbana.
PONTOS RELEVANTES A SEREM ABORDADOS:
CULTURA QUEER
COMUNIDADE QUEER DE BH
PRÁTICAS ESPACIAIS E ARTÍSTICAS E COLETIVAS
IDENTIDADE, COMPORTAMENTO
CORPO TERRITÓRIO
MICROPOLITICA, AFETO E COTIDIANO (MICROPOLÍTICA DO AFETO)
MICROPOLÍTICA E AFETO COMO PRÁTICA ARTÍSTICA, ARQUITETÔNICA E SUBJETIVA
AFETO NA COMUNIDADE QUEER
PRÁTICA ARTÍSTICA COMO INSURGENCIA/RESISTENCIA
DIVERSIDADE DE PERCEPÇOES E PAPEL DA ARTE:
ARTE E ARQUITETURA COMO MEIO DE MEDIAÇÃO POLÍTICA NA ESFERA PÚBLICA
INTERDISCIPLINARIDADE E PARADIGMA ÉTICO-ESTÉTICO:
DIREITO À CIDADE
OUTROS IMAGINARIOS E TERRITORIOS POSSIVEIS
RIZOMA, ECOSOFIA, ECOLOGIA E ENRAIZAMENTO
INTERNET, MEIOS DIGITAIS
SUBJETIVIDADE, SOCIALIDADE E INDIVIDUAÇÃO
MEDO, INSEGURANÇA E VIOLENCIA URBANA
CIDADE-PRESSA, TEMPO-PRESSA, TEMPO-MERCADORIA E SOCIEDADE DO DESEMPENHO
RECORTE GEOGRÁFICO: BELO HORIZONTE
(em construção...)
(em construção...)
MAPEAMENTO DE RELAÇÕES: esboço do atlas

INSPIRAÇÃO/REFERÊNCIA:
"HORIZONTES EXPERIMENTAIS DA ARQUITETURA" da Gabriela Pires Machado
Gabriela Pires Machado é arquiteta, cenógrafa e professora da UFMG. Desenvolveu esse projeto que mapeia as práticas espaciais latino-americanas no período 1960-1990, compreendendo-as a partir do conceito de horizonte provável (CAMPOS, 1969). Rizoma de Relações disponível em: Horizontes experimentais da arquitetura – Graph Commons e o levantamento das práticas está disponível em: Gabí Pires – (horizontes.info)
processo de produção do atlas:




O atlas foi se desenvolvendo ao longo do trabalho quase como um organismo vivo, em constante mutação. A maior dificuldade do seu desenvolvimento foi estabelecer uma organização visual dos elementos que facilitasse sua compreensão em rede. Ou seja, estabelecer os grupos, as cores, os pesos de cada ponto e linha e a sentido de cada relaão. Por exemplo, no final a melhor configuração possível me pareceu ser a divisão em Agentes (verde), Práticas (laranja) e Conceitos (azul). E também de modo que não houvesse uma distinção hierárquica entre agentes e práticas. Mais detalhes nas páginas Atlas Queer, Metodologia e Tutorial.
