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HORIZONTES E CONFLUÊNCIAS

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AKER: Símbolo para horizonte no antigo egito: "Aker (também Akar ou Akher) é o horizonte e a divindade da morte no Antigo Egito ... Aker aparece como um par de leões gêmeos, um chamado Duaj (que significa "ontem") e o outro Sefer (que significa "amanhã"). Aker era, portanto, muitas vezes intitulado "Aquele que está olhando para a frente e para trás". Quando retratado como um par de leões, um sinal hieróglifo para "horizonte" (duas montanhas fundidas) e um disco solar foi colocado entre os leões;"

"Aker cujo nome é citado pela primeira vez em 17 passagens do Texto das Pirâmides, era tido justamente como guardião dos portões do além-túmulo pelos quais o deus-Sol passava diariamente e seu protetor nos momentos em que esse último, no decorrer de sua viagem noturna, entrava ou saia do mundo subterrâneo pelos horizontes do poente e do nascente, respectivamente. Tendo em vista essa sua função de proteção dupla em pontos diametralmente opostos do céu, era representado na forma de uma esfinge geminada, ou seja, como dois leões sentados e voltados para lados opostos; e já que o Sol nascia toda manhã e morria toda tarde, o leão estava associado com a morte e o renascimento. Nesse sentido ele aparece representado em camas ou ataúdes funerários, bem como em mesas para embalsamamento. Podia acontecer dos animais terem cabeças humanas. Entre eles aparece um símbolo denominado akhet que representa o horizonte: um disco solar apoiado entre os dois cumes de uma montanha.

Os egípicios acreditavam que havia uma cadeia cósmica de montanhas que sustentava os céus. O monte mítico no qual o Sol se punha, a região do horizonte ocidental, era conhecido como Manu, enquanto que o monte mítico no qual o Sol nascia, a região do horizonte oriental, era chamado de Bakhu. Cada pico dessa cadeia de montanhas era guardado por um deus Aker. Na figura que ilustra essa página, extraída do papiro do Livro dos Mortos de Ani, o artista pintou, acima das costas dos dois leões que representam Aker, os dois montes primevos interligados (akhet) e o sol no meio deles formando a palavra hieroglífica para "horizonte" e, mais acima, o hieróglifo de céu (pet). O leão duplo, os dois horizontes e as duas montanhas são imagens diferentes que simbolizam a mesma coisa: passagem da vida para a morte, do dia para a noite e vice-versa. Aker não era uma deidade para ser adorada em templos; estava mais ligada aos conceitos primevos e aos poderes da Terra. Primitivamente essa divindade foi representada como uma estreita faixa de terra com uma cabeça humana ou de leão em cada extremidade. No período posterior da teologia egípcia os dois leões receberam os nomes de Sef e Duau, respectivamente, ontem e amanhã." Imagem e Texto Disponível em: O Guardião dos Horizontes 

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Obra: Tempo-Rei, conjunto de 4 desenhos - Eduardo Garcia, 2020 - da série "Horizontes".

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Série Horizontes: "Se o horizonte é uma linha e toda linha é um segmento de um círculo, então a união de vários horizontes também é um círculo, e em última instância, uma esfera. A série Horizontes aborda como elemento pictórico central a linha horizontal em referência ao horizonte e, através dela, explora os múltiplos sentidos que esse elemento natural representa. Elemento da paisagem presente em qualquer lugar geográfico e em qualquer imagem tridimensional, no qual a linha do horizonte, quando não visível, está presente de maneira oculta. A Linha do Horizonte simboliza o futuro, as possibilidades, o porvir, a expectativa, o destino, o objetivo, o desejo, mas também o incerto o imprevisível. Olhar pro horizonte é olhar pro futuro, vislumbrar um caminho, nutrir esperança, traçar um sentido e direção. Quem olha pro horizonte, se coloca em posição de quem avança de olhos abertos a onde quer chegar, de costas para o que já foi. Almejando aquilo que pode vir a ser. Na nona tese do seu ensaio "Sobre o Conceito de História", o filósofo e crítico literário Walter Benjamin, que adquiriu o desenho "Angellus Novus" de Paul Klee em 1921, escreveu:

“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.” Walter Benjamin

Me coloco em oposição a postura do anjo da história. Me recuso a assistir estarrecido ao acúmulo de ruína sobre ruína e me deixar ser impelido pela tempestade da catástrofe humana para o futuro que ela quer que eu vá. Proponho ser o anjo que utiliza as asas que tem para dar as costas a essa tempestade e buscar o futuro que deseja. Só o impossível é possível. Portanto, a série provoca reflexões acerca de quais são os futuros que desejamos para nós enquanto indivíduos e sociedade, futuros possíveis, utópicos, oníricos. É um convite a imaginar esse futuro, construí-lo coletivamente. O futuro é assim como uma tela em branco, potencial ilimitado, só esperando por ser ativado. Portanto, sejamos coautores dessa obra, e olhemos para o horizonte, sempre. E que a tecnologia da metamorfose sempre esteja presente nos horizontes da vida e que os futuros possíveis passem necessariamente pela metamorfose como mecanismo de construção de novos mundos possíveis e desejáveis. metamorfosear é tornar-se aquilo que poderia ser, tornar possível o impossível." Disponível em: (@edxarte)

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Obra: Horizontes Possíveis, colagem digital - Eduardo Garcia, 2021 - da série "Horizontes".

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Obra: "Angelus Novus", Paul Klee, 1920.

Imagem disponível em: Klee-angelus-novus

No texto da série proponho uma postura ativa e construtiva, ou seja, agir (mesmo que seja necessário destruir, para então construir ou mesmo ter a dignidade e a sabedoria de decidir não-agir). Não acredito que exista qualquer solução para os problemas contemporâneos que não passem necessariamente pela ação de cada um de nós (micropolítica). Para agir é preciso se transformar, se colocar em marcha, a caminho. Fazer a sua parte, enfim. Portanto são aqueles pequenos atos do cotidiano, do costume, que definem uma moral e um hábito (micropolítica). E então passam a constituir o próprio ser. Um ser político.


Talvez seja inocência, romantismo pensar assim. Prefiro acreditar que é plausível,possível e provável. E por ser assim é real. Talvez a maior insurgência/resistência seja o ato constante e sincero, por menor que seja, daquele que apenas é. No sentido de ser a própria mudança. Pois quando um conhecimento ou prática é absorvido pelo ser de verdade, passa a fazer parte do ser, parte constituinte e, portanto, inseparável do ser. Quando pensamos na política, essas são compostas em última instância por pessoas, e é justamente no terreno íntimo do ser que essa batalha deve ser vencida primeiro, antes de ser vencida pela sociedade como um todo.

Obra: "Horizonte Suspenso", Eduardo Garcia, 2020.

Imagem disponível em: (@edxarte)

Acredito que arte e o afeto sejam assim. Insurgentes, resistentes pela própria natureza. Acredito que a arte tem um potencial ainda pouco compreendido de despertar e encantar as pessoas, trazendo reflexão e mudança. E cada manifestação artística é um tipo de insurgência também. Assim como cada gesto de afeto e amor é insurgência e é arte também. Acredito nessa interdisciplinaridade entre os conceitos. A individualização dos conceitos vem de uma epistemologia euro-centrada que percebemos hoje, cada vez mais, não fazer tanto sentido. Quando analisamos sob a cosmológica indígena, e de povos tradicionais do Oriente e da África, notamos como essas culturas compreendem a vida e seus fenômenos de maneira muito mais interconectada, de maneira geral.

Portanto, como jovem, artista, sonhador e futuro arquiteto entendo que a resistência esta por toda a parte e não apenas naqueles grupos organizados. Essa resistência é a própria vida, a própria arte que brota como mato em todos os territórios do planeta. Quando cortam uma, brotam outras mil. Assim como a vida habita os lugares mais inóspitos, acredito que assim seja com as insurgências, resilientes pela própria natureza.

provocando confluências/insurgências

Vídeo elaborado para a disciplina Cultura Regional, Memória e História, do mestrado em Letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR), com protagonismo do artista indígena contemporâneo Jaider Esbell, da etnia Macuxi, falando sobre a mais antiga memória de sua infância, a lenda da árvore da vida Wazacá. Disponível em: Wazacá, a árvore da vida, por Jaider Esbell - YouTube

experiência a partir do atlas:


residência im/provável

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"Sagrado Atemporal", 2022, por Beu.na, Eduardo Garcia, Junkie, Maria Clara Amaral, Samuel Rabelo, Shai Lamas e Xoxota do Mal.

Como experiência de tradução intersemiótica através da interseção de zonas proximais im/prováveis foi proposta uma residência artística relâmpago de 1 dia para a produção de uma obra de arte colaborativa em um suporte de 150x125cm.

 

Foram convidades varios artistas a partir do Atlas Queer pelo cruzamento daqueles que utilizam como prática desenho, pintura, instalação e escrita. E também outros, com outras práticas, para compor um encontro im/provavel transdiciplinar. Como prova/experiência das potencialidades que esse mapeamento pode proporcionar. Esses artistas foram provocados a produzir com base em duas reflexões da artista e escritora Jota Mombaça:

"Como desfazer o que me tornam?";

"Como desmontar o imperativo de ser?"

Ao todo a obra, intitulada "Sagrado Atemporal", contou com a colaboração de 7 artistas: Beu.na, Eduardo Garcia, Junkie, Maria Clara Amaral, Samuel Rabelo, Shai Lamas e Xoxota do Mal. E foi realizada dia 12/06/22 em Belo Horizonte. A obra reflete sobre questões relacionadas a identidade, a multiplicidade dos seres, das experiencias e dos corpos. Discute como a identidade das pessoas foi historicamente imposta por padroes e normas sociais coloniais de opressão mas aponta também para o futuro ensaiando disrupções, insurgencias, quebra dos paradigmas de beleza, comportamento, identidade e afeto. 


chamada

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detalhes

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Editora cobogó, 2021.


processo

"Sagrado Atemporal", 2022, por Beu.na, Eduardo Garcia, Junkie, Maria Clara Amaral, Samuel Rabelo, Shai Lamas e Xoxota do Mal. Imagens de arquivo pessoal.

©  HORIZONTES IM/PROVÁVEIS  - EDUARDO GARCIA - 2022

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