Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
COMPROMISSO
COM O COLETIVO
Brígida Campbell tem uma passagem que conceitua a micropolítica ao afirmar que
”O que está em jogo aqui são pequenas lutas fragmentadas, rizomáticas e móveis, que se modificam em diferentes contextos e lugares. A micropolítica (em oposição à macropolítica: as políticas estatais, normativas e de ação massificadora) trata de um campo de poder que é invisível e abrange o contexto político de cada ação e cada ato singular de produção de realidades” (CAMPBELL, 2015, p.23).
Ou seja, a micropolítica engloba todas as relações sociais e com o meio, pois toda ação é política, ou melhor, tem sua dimensão política. Tenha o agente executor dessa ação consciência disso ou não.
A micropolítica, em oposição a macropolítica, é orgânica e atua sobre o território de maneira rizomática, incessantemente, em cada ação e em cada relação interpessoal. Ou seja, todos atuam cotidianamente e acredito estar aí seu potencial. A macropolítica é importante e indispensável, porém é muitas vezes distante e inacessível para a maior parte da população.
É preciso fazer uma ressalva aqui para reafirmar a importância da macropolítica, enquanto estado democrático de direito, para a garantia dos direitos sociais adquiridos e para a construção de uma sociedade menos desigual e mais próspera. Portanto, não se trata de negar a macropolítica para atuar na micropolítica, mas sim atuar simultaneamente em ambas e tomar consciência da potência da micropolítica ao ser incorporada ao cotidiano e ao fazer profissional. Acredito que a micropolítica seja a chave para mudanças estruturais, pois atua na subjetividade coletiva para criação de possibilidades de vida no aqui e agora.

Obra: "Emaranhado", Livia Spinellis, 2022. papel vegetal sobre papel 120gm. Disponível em: “emaranhado”
Acredito que a micropolítica seja a chave para mudanças estruturais, pois atua na subjetividade coletiva para criação de possibilidades de vida no aqui e agora.


Coletivo Cozinha Comum: desenvolve práticas espaciais transdisciplinares de autoria compartilhada que visam empoderamento e emancipação cidadã em contextos diversos. Escola de Arquitetura da UFMG , 2016.




Vera Pallamin em entrevista a Brígida Campbell fala na criação de “contrapoderes” na escala do cotidiano comprometendo-se com o coletivo e portanto ressaltando a potência da micropolítica:
“A formação de contrapoderes capazes de vir a impor obstáculos e resistência a estes fluxos dominantes encontra na vida cotidiana, em seus saberes e fazeres, um terreno importantíssimo, já que, é na cidade, é na produção desse cotidiano que podem ser efetuados desvios em direção à apropriação de espaços e usos não pautados pelo valor de troca. As escalas de ação aí possíveis são múltiplas, mas é preciso insistir na escala do coletivo, já que é esta a escala do político. Gerar contrapoderes significa comprometer-se com o coletivo”. (PALLAMIN apud CAMPBELL, 2015, p.58)
Fica claro nesse trecho a condição indissociável entre a escala do coletivo e a escala do político. Sendo assim, a micropolítica pode ser muito efetiva quando esta comprometida com o coletivo.
Cerâmica Santana. "Cerâmicas artesanais feitas com amor." Produzidas no Ateliê Escola Cerâmica Santana. "O primeiro ateliê escola de cerâmica estruturado dentro de uma favela na América Latina". Produzido pelo Alex Santana (@santana_alpha) e pelo Maicon Souza (@maiconsouza545)
Imagens: (@atelie_escolaceramicasantana) e
"O conhecimento sendo dividido e provocando renovação no mercado um dos nossos prodígios @matheussantana2002 encontrou uma oportunidade de crescimento é reconhecido como artista no projeto @atelie_escolaceramicasantana porque o movimento não para."