top of page

ARTE E POLÍTICA

“não se trata de representar mundos virtuosos, mas de produzir as condições para tanto”

 (BOURRIAUD,2009, p.116).

A arte e a política são dimensões indispensáveis para a produção do espaço das cidades.

A arte é responsável pela indicação de trajetórias possíveis, possibilidades de vida e novos imaginários que transformam subjetivamente os espaços. Enquanto a política é responsável pelo compromisso com a coletividade, crítica aos processos de segregação e pode inspirar mudanças concretas na realidade, produzindo condições para a materialização desses novos mundos. Marisa Flórido vai na mesma direção ao afirmar que

 

“A arte é política na medida que abre novos mundos que surgem de desregramentos e das redistribuições dos lugares e das temporalidades, dos corpos que reivindicam ocupar outros lugares e ritmos diferentes daqueles que lhes eram demarcados. Quando novas figuras do sentir, do fazer e do pensar, novas relações entre elas e novas formas de visibilidade dessa rearticulação são demandadas e engendram novas formas de subjetivação.” (FLÓRIDO apud CAMPBELL, 2015, p.174)

CURA BH, 2021. Fotos do @rogerioargol - Disponível em: CURA - Circuito Urbano de Arte no Instagram

Essa capacidade da arte de trabalhar na subjetividade individual e coletiva para a criação de novos mundos possíveis é intensificada na arte política e na arte relacional contemporânea.

Vera Pallamin também vai nessa direção quando afirma, em entrevista a Brígida Campbell, que

 

“A presença da arte desdobra as dimensões simbólicas nos contextos em que atua, ao mesmo tempo em que nutre processos estético-políticos de subjetivação de artistas e de participantes, com inequívocos ganhos sociais e culturais. Considero esta ação e formação estético-política uma das dimensões mais importantes da produção artística, hoje.” (PALLAMIN apud CAMPBELL, 2015, p.58) .

Abandona-se os ideais utópicos para se pensar nos mundos prováveis do agora, através das relações. Segundo Bourriaud

 

“A arte devia preparar ou anunciar um mundo futuro: hoje ela apresenta modelos de universos possíveis” (BOURRIAUD,2009, p.17-18).

 

Afirma ainda que

 

“A arte contemporânea realmente desenvolve um projeto político quando se empenha em investir e problematizar a esfera das relações.” (BOURRIAUD,2009, p.23).

arte é política - carlos .png

Carlos Vergara, 2012. Parte da Exposição "Nise da Silveira: A Revolução pelo Afeto", CCBB, 2022. Disponível em: nise (mbaraka.com.br)

Nesse sentido, a arquitetura também não deveria preparar ou anunciar um mundo futuro virtuoso e utópico, mas apresentar modelos de universos possíveis que produzam as condições para tanto. Através da problematização das relações socioespaciais e políticas.

cidade administrativa.png

Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte. 2010. Projeto: Oscar Niemeyer. Imagem disponível em: cidade administrativa bh

MASP.png

MASP - Museu de Arte de São Paulo. 1958. Projeto: Lina Bo Bardi. Imagem disponível em: masp(falauniversidades.com.br)

sesc pompeia.jpg

Bourriaud elabora algumas perguntas a serem feitas diante de uma obra de arte que também se encaixam perfeitamente para uma obra de arquitetura, são elas:

 

“Esta obra me dá a possibilidade de existir perante ela ou, pelo contrário, me nega enquanto sujeito, recusando-se a considerar o Outro em sua estrutura? O espaço-tempo sugerido ou descrito por esta obra, com as leis que a regem, corresponde a minhas aspirações na vida real? Ela critica o que julgo criticável? Eu poderia viver num espaço-tempo que lhe correspondesse na realidade?” (BOURRIAUD,2009, p.80).

casa do Baile BH.png

Casa do Baile - Belo Horizonte. 1943. Projeto: Oscar Niemeyer.  A função original do espaço era ser um pequeno restaurante dançante, de uso mais popular. (Foto: Henry Yu / Belotur) Imagem disponível em: Conjunto arquitetônico da Pampulha

Sesc 24 de Maio. Projeto: MMBB Arquitetos + Paulo Mendes da Rocha. 2017. Imagem disponível em: Sesc 24 de Maio / ArchDaily Brasil

Sesc Pompéia. São PauloProjeto: Lina Bo Bardi. 1971. Imagem disponível em: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi | ArchDaily Brasil

©  HORIZONTES IM/PROVÁVEIS  - EDUARDO GARCIA - 2022

bottom of page