Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
Cartografia das práticas espaciais, artísticas e subjetivas da comunidade queer em Belo Horizonte, nos últimos anos. E sua relação com a micropolítica e o afeto no espaço-público da cidade.
SOCIEDADE DO DESEMPENHO
“cada pessoa possui a ‘liberdade da obrigação’ de produzir e se entregar à tarefa de uma autoexploração.”
(CAMPBELL, 2015, p.99)
A lógica neoliberal do tempo-pressa, tempo-mercadoria é amplificada pela lógica da “sociedade do desempenho”. A sociedade do desempenho substitui o paradigma da “sociedade disciplinar”, baseada na coerção, pelo paradigma do desempenho, baseado na autoexploração.


"Meritocracia". Imagem Disponível em: Cinco argumentos contra la Meritocracia
É um conceito de sociedade onde
“cada pessoa possui a ‘liberdade da obrigação’ de produzir e se entregar à tarefa de uma autoexploração. O autor aponta que isso é muito mais eficaz do que a exploração pelo outro, pois a exploração de si mesmo vem acompanhada de um sentimento de liberdade.” (CAMPBELL, 2015, p.99)
O autor que Brígida se refere é Byung-Chul Han, autor desse conceito de “sociedade do desempenho”. Em seu livro “Sociedade do Cansaço”, há uma passagem onde Han conceitua melhor o termo da seguinte maneira:
Shopping Center. Imagem disponível em: shopping center
“A sociedade disciplinar de Foucault, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, não é mais a sociedade de hoje. Em seu lugar, há muito tempo, entrou uma outra sociedade, a saber, uma sociedade de academias de fitness, prédios de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios de genética. A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais “sujeitos da obediência”, mas sujeitos de desempenho e produção. São empresários de si mesmos. A sociedade de desempenho vai se desvinculando cada vez mais da negatividade. Justamente a desregulamentação crescente vai abolindo-a. O poder ilimitado é o verbo modal positivo da sociedade de desempenho. No lugar de proibição, mandamento ou lei, entram projeto, iniciativa e motivação. A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados.
Para elevar a produtividade, o paradigma da disciplina é substituído pelo paradigma do desempenho ou pelo esquema positivo do poder, pois a partir de um determinado nível de produtividade, a negatividade da proibição tem um efeito de bloqueio, impedindo um maior crescimento. A positividade do poder é bem mais eficiente que a negatividade do dever. Assim o inconsciente social do dever troca de registro para o registro do poder. O sujeito de desempenho é mais rápido e mais produtivo que o sujeito da obediência. O sujeito de desempenho encontra-se em guerra consigo mesmo. O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explorá-lo. É senhor e soberano de si mesmo. Assim, não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. É nisso que ele se distingue do sujeito da obediência. A queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho.
O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal.”
(HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017, pp. 23-30)
"Para Hoje é um curta-metragem produzido sob orientação da professora Camila Mattos, para a disciplina de Arquitetura e Cinema, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se de uma distopia. Uma crítica acerca da contemporaneidade e da hegemonia do automóvel. Assistimos atônitos a proliferação do culto ao consumo e ao automóvel, com a construção de verdadeiros templos sempre em detrimento às pessoas e à escala humana. Ambientes e atmosferas áridas por onde passam as artérias do organismo urbano e da mais-valia do capital. Há esperança na distopia?"
"PARA HOJE" (Curta-metragem) 5', Arthur Moreira e Eduardo Garcia, BH - MG, 2015.
Disponível em: AUDIO-VISUAL | EDXMG